sexta-feira, 9 de abril de 2010

Paper - Admirável Fragilidade






Admirável fragilidade

Sigo o conceito que idéias não aplicadas não servem pra nada. São devaneios, ventos que sopram através de pensamentos motivadores e que mudam de corrente como mudamos de canal. Mas, ainda nessa linha, me debato como um pescado recém tirado do mar buscando ar e com seus 6 segundos de memória. Quando deixamos de defender o que pensamos e irmos contra formas de manipulação? O pós-moderno, o hiper, o super, o mega, manias de grandeza em seres tão pequenos e destruidores por convicção. Tudo é tão grande, parece, soa, mas não é. Somos agora ainda mais frágeis e indefesos agarrados em livros de auto ajuda e gurus-líderes-iluminados pré-fabricados em uma linha de produção em série. Fordismo humano.
Entro no caso prático de tanto blábláblá. A situação acontece em um estádio de futebol. Ontem, pra situar espaço-tempo. Acompanho o jogo em uma rádio FM, conhecida pelos alarmantes 90% de market share, a maior audiência do RS. Noto o comportamento da torcida. Vaias, murmurinhos, um organismo vivo, volátil, latente, líquido que luta contra formas e recipientes. Então acontece. O narrador critica o comportamento da massa. Evoca o comentarista, reporteres, e doma a torcida, que automaticamente muda seu comportamento pra se adequar ao líder.
Vejo manipulação solta nas ondas da rádio AM/FM. Mas, to sozinho? Como poderiam 15 mil pessoas unidas não defenderem suas atitudes, conceitos, ismos e experiências? Em quatro frases são domesticadas como um cachorro perdido, pedindo guia. O narrador estimula, pede gritos, pede alento. O feedback é imediato. “Essa é a rádio Gaúcha”, grita o líder improvisado, com o peito estufado e orgulho. E a massa? Controlada. Domesticada. Manipulada.
Tudo aquilo que pensam, idéias sobre o que acreditam ser “correto” (existe certo e errado?), é tirado com a mão pela indução sonora e idéias de uma pessoa, que claramente, representa muito mais que uma empresa, uma organização. Interesses, planos de longo prazo, cash, plata, débito ou crédito?, notícias pro jornal de amanhã, notícias fabricadas. Voltamos ao parecer. Vejo tanto excesso de comunicação, de liberdade mascarada que nos perdemos e precisamos do guia pra nos ajudar a pensar. E assim, não pensamos.
Supertramp.
09/04/2010

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