segunda-feira, 11 de maio de 2009

Livro do Mês - Quem sou eu? E, se sou, quantos sou? - Richard David Precht

Richard David Precht, nascido em 1964, encontrou um título que parece nonsense, mas também é inteligentemente refletivo: “Quem sou eu? E, se sou, quantos sou?”. É a frase noturna de um amigo de voz rouca, como revela o autor, que gosta de relatar anedotas e experiências interessantes.
Seja lirismo absurdo ou, antes, um título elaborado com muita intuição para um best-seller alemão, ele também pode encerrar uma desvantagem: pois os leitores potenciais, que ignoram por princípio tais títulos de auto-ajuda, podem não notar que um competente relato de questões filosóficas se esconde por trás da capa jovial. Seu atrativo parte principalmente de que as respostas de Descartes, Rousseau, Nietzsche, Sigmund Freud e tantos outros são analisadas à luz do padrão atual das ciências naturais, sobretudo da pesquisa cerebral, que Precht sempre volta a citar de forma fascinada. Para, em seguida, manter a sua preferência kantiana.
O livro é não apenas uma viagem acelerada no tempo, através da história da filosofia, mas também um esboço muito compreensível da pesquisa cerebral, de sua origem singular até os estudos recentes, ao lado de “impulsos interessantes” e reminiscências de certa arrogância, na qual “pesquisadores cerebrais acreditam que sua pesquisa iria deixar desempregada a filosofia e talvez também a psicologia”.
Para “Quem sou eu? E, se sou, quantos sou?”, Precht abriu uma picada tripla com as questões básicas kantianas: Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? No primeiro capítulo, ele explica as condições prévias do pensamento, usando ajudas elementares como a canção de John Lennon, “Lucy in the Sky with Diamonds”. Como tudo pode ter começado com os homens-animais de milhões de anos atrás, quando o tamanho do cérebro triplicou de repente. A precária diferenciação entre o homem e os animais é seu tema predileto, que ele aborda também na segunda parte, no clássico setor filosófico da ética: o homem é um animal com capacidade moral? Podemos comer animais? Como devemos tratar os primatas? A fim de instigar à reflexão, Precht constrói um cenário de horror, no qual o homem não é o ponto alto da Criação, mas também apenas um produto animal.
Vale a pena.

Editora: Ediouro
Preço médio: R$ 44,00

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