sexta-feira, 14 de maio de 2010

Exposição - Museu Iberê Camargo - O Alfabeto Enfurecido: León Ferrari e Mira Schendel

Fundação Iberê Camargo apresenta a exposição O Alfabeto Enfurecido: León Ferrari e Mira Schendel, que une a suíça naturalizada brasileira e o argentino em um recorte curatorial voltado para a presença da linguagem. Exibida pela primeira vez entre abril e junho de 2009 no Museu de Arte Moderna de Nova York, com passagem também pelo Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, em Madri, a mostra propõe consolidar o percurso dos dois importantes artistas em um patamar internacional. A curadoria é de Luis Pérez-Oramas.


Nascido em Buenos Aires em 1920, León Ferrari estudou engenharia, mas passou a atuar como artista ainda na década de 1940, dedicando-se a diversos formatos e meios de expressão: escultura, pintura, desenho, assemblage, filme, colagem, mail art, poesia e som. Nos anos 1960, produziu uma série de obras em papel que criavam abstrações e explorações dos códigos da escrita. Mais tarde, agregou seus interesses formais a obras de conteúdo ligado à política. Mira Schendel nasceu em Zurique em 1919, mudou-se com a família para a Itália ainda criança e, no final da II Guerra Mundial, veio para o Brasil. Aqui, começou a trabalhar com cerâmica e pinturas, e, posteriormente, passou a criar obras em papel com técnicas inventadas por conta própria. Também na década de 1960, produziu desenhos por monotipia em papel-arroz. A artista faleceu em 1988, sendo homenageada com uma sala especial na 22ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1994.


Ferrari e Schendel trabalharam de forma independente, sem relação direta e sem estarem ligados a movimentos artísticos específicos, mas construíram, paralelamente, trajetórias que dão destaque à linguagem – tanto visual quando tematicamente. “Temos duas pessoas que nunca se conheceram e cujas obras possuem muitos pontos de contato, surpreendentes relações de analogias, de similaridades, assim como também diferenças – que nunca haviam sido traçadas em seus países de origem”, destaca Oramas, curador de arte latino-americana do MoMA. O Alfabeto Enfurecido (denominada Tangled Alphabets, originalmente) é justamente resultado do trabalho da instituição no campo da arte moderna e contemporânea das Américas Central e do Sul. “Nossa principal intenção é a de poder ver as obras dos artistas em uma perspectiva diferente da que se vê em seus países de origem, não necessariamente porque seja melhor, mas sim porque, na medida em que tentamos mais perspectivas, mais interpretações e mais possibilidades de exposições, mais enriquecedora é a experiência que temos com estes artistas”, explicou, em entrevista concedida à Revista Digital da Fundação em junho de 2009.





Segundo o curador, Ferrari e Schendel despontaram em uma época caracterizada pelo uso de modelos linguísticos para interpretar o mundo. Eles utilizavam a linguagem não apenas como veículo para expressar conceitos ou ideias através de suas obras, mas como “um meio material e físico, para moldar e criar formas”. “Outra razão que me parecia pertinente, na qual os dois artistas podiam se ver juntos, é que eles trabalharam durante um momento crítico para a arte contemporânea no mundo e principalmente no ocidente, do final dos anos 1950 até os anos 1980. É este momento em que a modernidade deixa de ser uma descoberta e se converte na arte contemporânea”, aponta Oramas.

Na Fundação Iberê Camargo, a exposição ocupa o átrio, o segundo e o terceiro andares, espalhando pelo prédio cerca de 180 obras dos dois artistas. Complementando o conteúdo da exposição, estão disponíveis na loja o catálogo da mostra, editado pela instituição, e o livro León Ferrari e Mira Schendel: O Alfabeto Enfurecido, da Cosac Naify.

ALFABETO ENFURECIDO: LEÓN FERRARI E MIRA SCHENDEL
Quando:09 de abril a 11 de junho de 2010.
Horários:terça a domingo das 12h às 19h, e nas quintas das 12h às 21h.
Onde:Museu Iberê Camargo - Av. Padre Cacique, 2000 - Porto Alegre - RS
Fone:(51) 3247.8000

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